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Quero te convidar a imaginar o seguinte cenário. Você é don@ de um negócio e começa a observar os seus concorrentes começando a adotar agilidade nos seus negócios. De uma forma que você não entende muito bem qual, os resultados que antes pareciam estáveis, começam a demonstrar um declínio e os seus concorrentes começam a ganhar cada vez mais espaço no mercado, conquistando clientes que antes eram seus. É preciso tomar uma ação.
Você faz uma revisão geral na operação e apesar de estarem seguindo todos os processos adequadamente, seus profissionais começam a falar sobre Agile. O que te desperta curiosidade e você começa a consumir conteúdos como Lean, Métodos Ágeis, Scrum, Kanban, OKR, Management 3.0, Ágil Escalado, SAFe, e um monte de outros assuntos relacionados. Tudo parece muito fascinante porque faz um sentido enorme! Você concorda em fazer mudanças e os times começam a rodar Scrum, colam post-its nas paredes, fazem “daily meeting” e utilizam termos que estão alinhados com toda aquela sopa de letrinha que está relacionada com o assunto Agile. Bom, agora é só aguardar que as novas diretrizes irão retomar a performance que a empresa ou área tinha antes.
Depois de um tempo você revisitando os resultados, percebe que eles não foram tão diferentes. Apesar de aparentemente os times estarem executando o Scrum, parece que estamos fazendo a mesma coisa de antes, só que de um jeito diferente. O que há de errado? Apesar de agora estarmos “usando Agile”, parece que nada mudou.
Essa história é muito comum e se repete em várias empresas, porque é um modelo revolucionário de transformação ágil. Há uma pretensão de mudança de cultura apenas pela mudança do método de trabalho. Mudar radicalmente o método de trabalho não vai te tornar ágil... E de uma coisa nós sabemos, há muitas coisas que não se mudam radicalmente, e o mindset, está entre eles.
Transformação ágil é a transformação do mindset, por isso é um esforço contínuo, portanto evolutivo. É uma mudança que começa na forma de pensar das pessoas, se materializa nos processos de trabalho e se evidenciam nos resultados, porque se não mudar os resultados do negócio, não vale o investimento!
Agile é evolução, porque este é um dos princípios contidos no pensamento ágil, que é o da Melhoria Contínua. Parece óbvio, mas já vi muita revolução contínua em vez de melhoria contínua!
O primeiro passo nesse processo de transformação é entender o propósito do negócio (se não existe, é preciso criá-lo). Responda à pergunta: por que meu negócio existe? Que valor se quer gerar para as pessoas e para a sociedade como um todo? Esse é o ponto de partida da transformação ágil. Como diz Simon Sinek, “start with why”. Em seguida, é importante entender que negócios são feitos entre pessoas, então é importante conhecer todas elas, não só o consumidor final, mas as pessoas que colaboram no negócio, os fornecedores e parceiros. Começar a identificar os pontos que de fato precisam de uma transformação é o próximo passo. Para isso é preciso envolver as pessoas, coletar feedbacks e realizar experimentações constantes, nunca deixando de medir. Deixar um pouco a visão do achismo e olhar para os dados. O que eles te dizem? Não devemos tomar decisões baseadas nas emoções, mas nos dados.
Há também o processo de capacitação das pessoas. Quando falamos de transformação, estamos falando em deixarmos de ser uma coisa para nos tornarmos outra. Então todo o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que atenderam os negócios até hoje, podem não atender o “novo negócio” que você está querendo gerar. É preciso um plano de capacitação, que esteja alinhado com o objetivo. Isso é fundamental no processo de transformação. E essas competências precisam ser exercitadas continuamente. Não é pelo simples fato de os funcionários realizarem certificações que a competência estará instalada. Pelo contrário, é preciso colocá-las em prática, exercitar, testar, errar e aprender continuamente com esses erros. Lembre-se que não existe bala de prata. E como gosto de dizer, na prática a teoria é outra.
Não podemos deixar de lembrar que muitas vezes precisaremos de ajuda de especialistas nesse processo. Alguém que enxergue o seu negócio de fora, que não esteja envolvido na emoção do dia-a-dia e que consiga apresentar perspectivas diferentes, colaborar na estratégia, contribuir na mudança de mindset das pessoas. Existe um ditado que diz “sozinho você até pode ir mais rápido, mas acompanhado você pode ir mais longe”. A colaboração de profissionais que já vivenciaram diversos segmentos, conhecem soluções distintas, que tenham uma bagagem que pode colaborar no seu negócio é fundamental. Em outras palavras, quando dispomos de uma empresa que nos ajuda nesse processo, facilitamos também o processo de benchmark, pois se é uma empresa sólida, com vários clientes, toda a experiência que ela adquiriu ao longo do tempo com esses clientes em diversos segmentos, podem ser úteis no processo de transformação da sua empresa.
Utilizar o mindset ágil para desenhar a estratégia da empresa também é outro ponto extremamente importante, porque além de trazer todos os benefícios que esse mindset trás, como a transparência, adaptabilidade e melhoria contínua, impulsiona essa nova forma de pensar em toda a empresa, promovendo a colaboração e a autonomia dos profissionais, que já é sabido que quanto mais autônomos e com mais possibilidades de colaborar na estratégia da empresa, mesmo que de forma pequena, já é o suficiente para promover maior engajamento e motivação. Portanto, não são só os gerentes que precisam se adequar ao modelo de liderança e gestão colaborativa, mas toda a estrutura hierárquica da empresa.
Vimos até agora que o processo de transformação ágil envolve diversas facetas. Não há nada que possa ser deixado de lado neste processo, caso queira realizar uma transformação efetiva. É uma mudança no modo de pensar negócios, processos e pessoas. A transformação ágil não se dá de uma hora para outra, mas de forma contínua e evolutiva. A cada passo medindo os resultados, realizando os ajustes e seguindo em direção ao propósito estabelecido, sempre valorizando os indivíduos, porque são eles é quem fazem a coisa toda acontecer.